
COMO DEFINIR O VALOR DO SEU TRABALHO AUDIOVISUAL
Como definir o valor de seu trabalho, para que ele seja justo para você, seu cliente e o mercado de trabalho em geral?
17.04.2017
Definir um valor a seu trabalho é uma tarefa muito difícil, e mesmo profissionais com anos de experiência têm dificuldade para definir. É muito comum se auto desvalorizar, com medo de perder aquele “job” legal, ou criar grandes expectativas de salários altos e se frustrar ao procurar por vagas de trabalho.
No meu dia a dia, quando vou aceitar uma oferta de emprego fixo, ou definir o valor a ser cobrado em um job freelancer, sigo alguns indicadores importantes, como o número de horas trabalhadas, quantos dias na semana, importância do job para o cliente e minha responsabilidade dentro do projeto. Além disso, quando você for analisar, deve também entender sua realidade como profissional, qual seu nível de desenvolvimento, concorrência e pisos salariais em seu local de atuação. Somente entendendo sobre você mesmo como profissional, e a realidade do trabalho, é possível chegar a um valor coerente.
Seu perfil profissional
Comece fazendo uma análise crítica sobre você e sua jornada profissional. Imagine-se como seu possível empregador e analise quais são seus pontos positivos, o que você tem a oferecer e o que ainda está faltando para se tornar um profissional completo.
Quanto mais avançado seu nível de estudos, competência e responsabilidade, maior será seu preço. Leve em consideração que toda a jornada para chegar aonde você está teve um custo. O tempo de trabalho e suas experiências vividas também são considerações importantes para chegar ao um valor, pois garantem a seu cliente que você tem a competência e experiência para realizar aquele serviço, e que já passou por dificuldades e problemas e sabe como superá-los.
Da mesma forma, se você está iniciando na carreira, ainda não tem a agilidade e autonomia para trabalhos que necessitam de maior responsabilidade. O cliente estará fazendo uma aposta em você, trocando a certeza de um profissional experiente, por um valor um pouco menor, que, claro, com o incentivo correto também poderá realizar um trabalho incrível - e ainda trazer algo inovador de uma mente sem os vícios adquiridos após um longo tempo realizando o mesmo serviço.
O tipo de profissional que você se definir influenciará diretamente nos tipos de cliente e trabalhos que irá procurar. Poderá aceitar grandes responsabilidades e dificuldades de uma “vaga sênior”, ou iniciar sua jornada com pequenos “Jobs”. É um longo caminho até a maturidade profissional e nessa jornada seu valor irá progredindo junto com o seu reconhecimento no mercado, com o seus contatos, clientes e networking que criará a cada novo serviço.
É necessária muita maturidade para abrir mão de um “job” e indicá-lo a outro profissional, mas, para quem tem um nível de reconhecimento no mercado, é mais lucrativo manter a agenda livre do que aceitar um “job” sem potencial.
Concorrência em seu mercado
Mas não adianta apenas idealizar quem você é ou gostaria de ser profissionalmente. Você tem que conhecer o mercado de trabalho que está inserido e como você se encaixa nele. Você só poderá garantir um valor hora de trabalho compatível com seu interesse se houver vagas em potencial para isso.
O avanço de ferramentas de marketing baseadas em vídeo possibilitou o surgimento de diversas novas oportunidades de trabalho no setor audiovisual. Hoje, além de trabalhos com cinema, trabalhos em emissoras de televisão e empresas focadas em eventos sociais, há também grandes oportunidades para trabalhar autonomamente, ou até mesmo em agências e produtoras. Junto a essa abertura de mercado, com novas vagas e oportunidades, surgiram novos tipos de clientes, que agora tem a possibilidade e necessidade de criar conteúdo para autopromoção - algo que antes só cabia em grandes orçamentos compatíveis com o valor de mídia de televisão, mas que agora pode ser distribuído até de graça via mídias sociais.
Consequentemente, isso cria a ilusão de que o mercado está desvalorizado e que os trabalhos de vídeo estão cada vez mais baratos. Isso não deixa de ser verdade. Há cada vez mais empresas procurando por serviços baratos e profissionais oferecendo esses serviços. Mas há também diversas vagas para profissionais qualificados.
Imagine assim: a costureira da esquina de sua casa pode precisar de um vídeo para se promover em alguma página de negócios locais. Ao mesmo tempo, a NIKE precisa de um conteúdo para o lançamento de um novo produto. Esses dois clientes existem, possuem valores de investimento diferentes e, também, expectativas de retorno diferentes.
Mas qual tipo de trabalho que você exerce? E o mercado que está inserido? Como é a sua realidade? Há vagas em agências e produtoras sérias? Existe clientes grandes que precisam de filmmakers qualificados? Ou na sua cidade há apenas oportunidades pequenas?
Essas respostas irão moldar o tipo de investimento que você deve fazer, como e qual cliente abordar, ou até mesmo se você não poderia mudar para outro mercado de trabalho.
De acordo com a Pesquisa Salarial da Catho Online, a média salarial para um cargo de Cineasta no Brasil é de R$ 2.379,69.
Nem sempre aquele “job” em potencial estará alinhado aos valores de mercado. É importante entender que cada produto audiovisual tem um valor diferente. Como dito antes, um vídeo publicitário para uma costureira do bairro terá um retorno financeiro muito menor que o lançamento de um produto novo feito pela NIKE, e, consequentemente, terá uma importância menor ao cliente. Essa expectativa de retorno financeiro que o vídeo trará é o que o cliente considera como "valor". Para ele, o vídeo não é definido pela câmera usada ou pelas técnicas de edição, e sim por seus resultados financeiros.
Todos nós temos um custo de produção e desenvolvimento, e isso independente da função que realizamos na equipe. Se você é editor, tem custos com hardware, softwares. Se é cinegrafista, tem custos com câmeras, lentes, seguro. Se é maquiadora, terá gastos com maquiagens, e assim por diante. Temos ainda os gastos com estudos, deslocamento, alimentação, impostos, entre outros.
Leve todos os seus gastos em consideração ao construir seu orçamento ou aceitar aquele trabalho fixo numa produtora. Isso é importante para evitar chegar no dia do pagamento com um saldo negativo entre o valor recebido e seus custos.
Para trabalho fixo fica fácil chegar no valor, só calcular seus gastos fixos, somar os novos gastos referentes ao trabalho que irá aceitar e incluir o valor mínimo que gostaria de receber como de lucro ao mês. Esse será seu ponto de partida. Porém, se você é freelancer, essa tarefa é mais complicada, pois terá que diluir seus custos entre os serviços que presta por mês, e ainda terá que considerar todos os gastos extras de administrar uma empresa própria.
Da mesma maneira que seus clientes estão lhe contratando para produzir vídeos publicitários e assim fortalecer suas marcas e aumentar os seus lucros, você também terá que fazer o seu marketing. Oferta e procura é lei no mercado de trabalho. Então, para manter o valor médio que gostaríamos de ganhar, precisamos trabalhar nossa imagem junto aos clientes em nosso mercado de trabalho.
Faça networking com outros profissionais do meio, construa parcerias, tenha um bom relacionamento com seus clientes, divulgue seus trabalhos em redes sociais, crie e promova conteúdos autorais. Quanto mais visível estiver seu trabalho, mais clientes lhe pedirão orçamento. E com o tempo, poderá escolher quais jobs estão alinhados com seu perfil e mantêm o valor médio estabelecido, e quais você irá passar para outros profissionais da área.
Enfim, para cobrar eficientemente não há uma única tabela ou um valor definitivo. Tudo depende de quem você é, qual o seu mercado e o valor que o trabalho orçado tem para o seu cliente.
Agora, se você ainda está a procura de um caminho para ingressar na carreira de audiovisual, dê uma olhada na matéria de semana passada sobre quais as áreas do cinema você pode atuar.